Desde 2008, o pai de Britney Spears, Jamie Spears, é o responsável legal por assuntos pessoais e financeiros da cantora, como determinado pela justiça dos Estados Unidos. Isso se deu porque entre 2007 e 2008 Britney enfrentou alguns problemas de saúde mental e seu pai, Jamie, entrou com um pedido de tutela temporária e de emergência ao Tribunal Superior do Condado de Los Angeles (G1.com). Porém, essa tutela vigora até hoje, treze anos depois. Geralmente, esse tipo de tutela é utilizado em relação a pessoas que são consideradas incapazes de exprimir sua vontade ou cuidar de si mesmas. Assim, outra pessoa é nomeada judicialmente para controlar os negócios dessa pessoa. É válido ressaltar que, Britney tem manifestado insatisfações em relação à tutela, além de expor várias formas de intervenção da tutela em sua vida pessoal, como restrição aos seus visitantes e o uso de um DIU (método contraceptivo) sem permissão para retirá-lo e ter filhos. A cantora também relatou que se sente cercada, intimidada e sozinha com toda essa situação.
A tutela de Britney, além de ser invasiva, é uma expressão visível do machismo e do patriarcado na sociedade norte-americana e ocidental. A ideia de que o pai da cantora pode controlar a vida dela, desde a parte financeira até o direito reprodutivo, é simbólica de como o corpo da mulher é tido como um objeto que pode ser dominado e controlado por um homem. Ademais, a própria mídia foi responsável pela condição psiquiátrica da cantora ao explorar o sofrimento dela para gerar lucro aos meios de comunicação. Com o decorrer do processo, é possível perceber que a cantora é e sempre foi vítima de Gaslighting, palavra utilizada para dar nome a uma forma de abuso, no qual informações são distorcidas ou inventadas para fazer as pessoas duvidarem do relato da vítima. Assim, Britney, ao ser tida como “louca” e “surtada”, sofre uma manipulação que a dificulta de contar sua versão da história.
Foto: Reuters/Mario Anzuoni
#PraCegoVer: imagem como foto de Britney Spears dando tchau e sorrindo. Logo do Senso Crítico no canto superior esquerdo da imagem