O ano de 2021 ficou marcado como o ano em que o Brasil voltou para o mapa da fome no Mundo. Segundo dados do IBGE, em 2020 19 milhões de pessoas estavam enfrentando o problema da fome, enquanto mais da metade da população lida com a insegurança alimentar. O relatório publicado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan) indica que o Brasil vinha passando por um progresso nos níveis de segurança alimentar, que se inverteu a partir de 2013, quando a insegurança alimentar voltou a crescer e atingiu níveis mais agudos entre 2018 e 2020. Para além da questão da falta de alimentação, o preço do gás, item de cozinha necessário, aumentou de modo que famílias estão trocando o utensílio pelo fogão a lenha, o que gera acidentes e risco de doenças cardiorrespiratórias.
Na última semana, um vídeo de pessoas pegando lixo no caminhão de lixo em um bairro nobre de Fortaleza (CE) viralizou em algumas redes sociais. E, devido à fome e à insegurança alimentar presente na vida de milhões de brasileiras e brasileiros, isso tem se tornado comum em suas realidades. Uma matéria da BBC (outubro de 2021) entrevistou algumas pessoas que recorrem ao lixo como fonte para terem o que comer e, uma das entrevistadas, Sandra Maria, relatou que ela consegue encontrar frutas e legumes que “o pessoal rico joga fora”. Além disso, ela explicou que em dias alternados ela acorda às 4h da manhã para esperar o caminhão de lixo.
Sabemos que está cada vez mais comum vermos fotos e vídeos de pessoas pegando, mas não podemos, de forma alguma, lidar com isso como se fosse algo natural. O direito à alimentação é um direito de todas e de todos e a realidade em que milhões de pessoas se encontram no Brasil não deve ser essa.
#ParaTodosVerem: imagem com fotos de pessoas pegando lixo em um caminhão que recolhe lixo. Logo do Senso Crítico no canto superior direito e a seguinte legenda na parte inferior da imagem: #TBTCrítico- “Fome e insegurança alimentar no Brasil: pessoas estão procurando comida no lixo para terem o que comer”.